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  FEMINISMO NEGRO 

  As necessidades das mulheres negras são muito específicas e sem que seja feita uma profunda análise do racismo brasileiro, é impossível atender às urgências do grupo.
  O problema da mulher negra se encontra na falta de representação pelos movimentos sociais predominantes. Enquanto as mulheres brancas buscam igualdade nos direitos civis com os homens brancos, mulheres negras carregam nas costas o peso da escravatura, ainda ligada à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limita à figura masculina, pois a mulher negra também está em posição de servir à mulher branca. "Dentro do feminismo negro, as mulheres estão lutando por coisas que as mulheres brancas já avançaram. Estamos em uma posição de desigualdade maior, justamente porque nós somos negras" diz, Ivana Dorali, jornalista e ativista do feminismo negro.

  Em Salvador, na Bahia, as mulheres negras lançaram uma campanha chamada "Parem de nos matar". A iniciativa foi uma forma de enfrentar diversas situações de violência que as mulheres vivenciam no estado da Bahia. Segundo o mapa de violência de 2015, em dez anos, o número de homicídios de mulheres negras aumentou 54% em todo o Brasil. Enquanto o de mulheres brancas diminuiu quase 10% no mesmo período. "Essa campanha surge porque as mulheres negras estão morrendo de todas as

 

formas possíveis. Seja na universidade, na saúde, em casa, no trabalho ou na rua" diz, Ivana Dorali.

ABORTO

  Na década de 80, as mulheres negras eram esterializadas forçadamente pelo estado brasileiro. Em 91, existiu a CPI conhecida como "CPI da Esterialização", que era uma forma de controle para que não nascessem mais pessoas negras. Atualmente, no geral, as mulheres brancas podem arcar com as despesas do aborto, pois pagam clínicas clandestinas particulares, e as mulheres negras por não terem condições, fazem aborto em clínicas clandestinas e quando chegam na instituição de saúde são mal tratadas e mal atendidas. "A gente tem que trazer a criminalização do aborto como uma violência de estado. Assim como a mortalidade materna, assim como a mulher negra ser menos tocada e tomar menos anestesia porque existe uma concepção racista de que ela sente menos dor. Essas mulheres estão morrendo, e se não estão morrendo, estão causando danos seríssimos à saúde, porque o estado não dá opção para que elas possam escolher serem mães ou não" diz, Djamila Ribeiro, Pesquisadora na área de Filosofia Política e feminista, em entrevista a Revista Azmina .

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